O município de Florianópolis possui uma complexa rede de sistemas de abastecimento de água. São diversos sistemas de gestão, recursos hídricos em várias condições ambientais e estruturas dentro e fora da ilha para atender a demanda de água, que varia drasticamente por causa do aumento da população no verão. Devido a seu território insular, apesar de possuir recursos hídricos como mananciais e aquíferos, é necessário o uso de recursos externos para cumprir essa demanda. No Plano Municipal de Saneamento Básico do Município de 2021, é feito uma localização destes sistemas dentro do quadro Estadual, assim como uma análise desta rede e explanação sobre o funcionamento dessas estruturas. ( Plano municipal de saneamento básico: versão final. Florianópolis. 2021 )
Como a gestão dos Sistemas de Água de Florianópolis se insere no quadro Estadual?
Os sistemas de águas de Florianópolis se insere dentro da gestão de sistemas de água do Estado de Santa Catarina. Faz parte uma das dez Regiões Hidrográficas em que o estado de Santa Catarina é dividido, a Região Hidrográfica Litoral Centro, ou RH8, sendo essa repartição realizada a partir de Bacias Hidrográficas, não de fronteiras municipais. Os recursos hídricos da Região Hidrográfica Litoral Centro (CH8) são repartidos em três unidades de planejamento e gestão de recursos hídricos, onde se encontram as: “Bacia Hidrográfica do Rio Biguaçu, a Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão Sul, a Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas, a Bacia Hidrográfica do Rio da Madre, além da ilha de Florianópolis e bacias contíguas com sistemas de drenagem independentes. Também são encontrados aquíferos na região (recursos hídricos subterrâneos).” (Florianópolis, 2021, p. 36).
Da Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão Sul que é captada a maior parte dos recursos de Água de Florianópolis. Se estendendo de Águas Mornas, Santo Amaro da Imperatriz e São Pedro de Alcântara até Palhoça, nela se localizam os Rios Cubatão Sul e o Vargem do Braço.
Em Florianópolis os sistemas de gestão da água são classificados em: “{…}a) Sistemas de Abastecimento de Água (SAA), operados pela Concessionária (CASAN); b) Sistemas Alternativos Coletivo de Abastecimento de Água (SAAC) e Soluções Alternativas Coletivas (SAC), operadas por empresas privadas ou pela própria comunidade; e c) Soluções Alternativas Individuais (SAI), operadas em um único imóvel, as vezes de forma não autorizada (clandestina).” (Florianópolis, 2021, p. 48)
Como funciona a operação concessionária pela CASAN?
A operação Concessionária em Florianópolis é realizada pela da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento, CASAN, atendendo 524.419 habitantes no município. Ela divide sua gestão do município em três sistemas : “{…}(i) Sistema Integrado de Abastecimento de Água da Região de Florianópolis (SIF); (ii) Sistema de Abastecimento de Água Costa Norte (SCN); e (iii) Sistema de Abastecimento de Água Costa Sul Leste (SCSL).” (Florianópolis, 2021, p. 48).
Sistema Integrado de Abastecimento de Água da Região de Florianópolis (SIF)
O SIF apesar de pertencer ao Sistema Concessionário da Casan para o Município de Florianópolis, também atende outros 4 municípios: Biguaçu, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz e São José. “No Município de Florianópolis ele abrange os distritos administrativos de Sede Ilha, Sede Continente, Cacupé, parte norte do Ribeirão da Ilha e, ainda, como alternativa de reforço de vazão nos meses de alta temporada, o SCN e SCLS{…}”(Florianópolis, 2021, p.55). A captação de água bruta é feita do Rio Cubatão do Sul e Vargem do Braço, sendo preferência, apesar da captação dupla, pelo Rio Vargem do Braço por economia de energia elétrica, qualidade da água e a estrutura de adução. A água bruta dos dois rios é tratada na ETA José Pedro Horstmann, localizada no Morro dos Quadros no município de Palhoça. A água tratada na ETA é transportada por um sistema macroadutor de 5 adutoras. Também há a utilização de mananciais menores (Quilombo , Córrego da Assopra, e Poço Cacupé) que constituem sistemas de reforço, que estão localizados na porção oeste da ilha.
Sistema de Abastecimento de Água Costa Sul Leste (SCSL)
O Sistema Costa Sul Leste, SCSL, abrange os distritos administrativos de Ribeirão da Ilha, Campeche, região da Armação e Açores, no Pântano do Sul, região do Matadeiro, Lagoa da Conceição e Barra da Lagoa. A captação de água bruta ocorre nos mananciais da Lagoa do Peri, em dois trechos “{…}através de barragem de nível e vertedor{…}”( Florianópolis, 2021, p.79) e do Aquífero Campeche “{…}através de 10 (dez) poços tubulares ao longo da planície do Campeche e do Rio Tavares{…}”( Florianópolis, 2021, p. 79.) . Para receber tratamento é levada por adução a, respectivamente, a ETA da Lagoa do Peri e na UT Campeche. Vale ressaltar que “{…}algumas localidades são atendidas tanto pelo SCSL, como por sistema de abastecimento independente, tais como Açores e Pântano do Sul.” ( Florianópolis, 2021, P. 75)
Sistema de Abastecimento de Água Costa Norte (SCN)
O Sistema Costa Norte SCN “{….}é responsável pelo abastecimento dos distritos administrativos de Canasvieiras, Ratones, Cachoeira do Bom Jesus e Ingleses do Rio Vermelho, além de contar com o Subsistema São João do Rio Vermelho – SSJRV, que atende ao distrito administrativo de São João do Rio Vermelho. Em alta temporada são acionados sistemas complementares de abastecimento nas localidades de Santinho, Daniela, Vargem Grande, Praia Brava e Cachoeira do Bom Jesus, que contribuem para o abastecimento no SCN – Ingleses.” (Florianópolis, 2021, p. 86). Ele é alimentado pelos mananciais Aquífero Ingleses, Lagoa Daniela, Aquífero Praia Brava e o Aquífero Vargem Grande. A retirada de água bruta do Aquífero Ingleses é realizada “{….}por meio de 25 (vinte e cinco) poços tubulares profundos, localizados principalmente na região do Sítio do Capivari, no distrito dos Ingleses e no distrito do Rio Vermelho{…}”( Florianópolis, 2021, p. 85), e na Lagoa Daniela a “{…}captação é superficial em uma lagoa utilizando bombas instaladas sob flutuadores{…}(Florianópolis, 2021, p. 92) sendo depois levada por adução. O Aquífero Praia Brava e o Aquífero Vargem Grande são apenas utilizados em Alta Temporada. O SCN conta com duas ETAS, a ETA Ingleses e a ETA Daniela, que realizam o tratamento de seus respectivos mananciais de mesmo nome. “Quanto ao tratamento da água bruta que abastece o SSJRV, devido à água ser de boa qualidade, é realizada uma desinfecção com hipoclorito de sódio aplicado na tubulação do barrilete de cada um dos poços” (Florianópolis, 2021, p. 95).
É importante também ressaltar que os sistemas SIF, SCSL e SCN são interligados e mantêm um fluxo que varia conforme o período normal e verão.
“Existem dois pontos de interligação do SIF com o SCLS. O primeiro é a partir da adutora que passa pela Via Expressa Sul, onde o SIF abastece o bairro Carianos.{…}. O outro ponto de interligação é pela Estrada Sertão do Assopro, onde a ETA Lagoa da Conceição (SIF) abastece o SCLS com uma vazão média de 0,5 L/s.” (Florianópolis, 2021,p. 56)
“Já o SIF e o Sistema Costa Norte são interligados por adutora DN 300mm na SC401 que permite que a água seja importada do SIF ao SCN a partir da ligação do booster Cacupé. Esta operação é realizada durante a temporada de verão. Durante os demais meses do ano, o fluxo é invertido e o SCN exporta para o SIF, através da mesma adutora, abastecendo os bairros Cacupé, Monte Verde e João Paulo. Além disso, na SC-401 também existe adutora DN 150mm e o booster SC-401 que abastece os bairros Santo Antônio de Lisboa e Sambaqui. Também está sendo executada interligação entre o SCN e o SCSL através de adutora DN 250mm com vazão de projeto de 25 L/s para atendimento do bairro Barra da Lagoa pela SC-406.” (Florianópolis, 2021, p. 55)
Referências bibliográficas:
FLORIANÓPOLIS. PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS. Plano municipal de saneamento básico: versão final. Florianópolis. 2021. Disponível em: https://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/13_07_2021_9.16.35.2243db58c4c5f89fc2b76c48e240c658.pdf. Acesso em: 05 julho de 2022.