SISTEMA DE DOIS TEMPOS: verão e não-verão.

 Devido às características peculiares do município de Florianópolis o aumento da população variante, em especial durante a alta temporada no verão, gera uma necessidade para adaptação do sistema, tanto em sua estrutura como em sua gestão de modo a acomodar a população total da ilha. Sendo considerada a população total não apenas a de residência permanente na ilha, mas também a população variante, visto que o sistema de água  concessionado é projetado para atender a sua demanda máxima, que ocorre nos meses de alta temporada no verão. Existe ademais também a necessidade de uso de metodologias mais precisas e de controle desses dados a modo de se avaliar os investimentos necessários para o “Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Florianópolis”, que envolvem não apenas o cálculo da população variante assim como projeções de seu aumento da mesma forma que são usados dados de projeções da população permanente para avaliação  dos investimentos necessários para atender a demanda de Água. 

Por causa das características específicas do município, é necessário uso de métodos baseado em dados de variadas fontes para se chegar a uma estimativa aproximada da população variante, devido a complexidade envolvida na medição da estimativa dos fluxos desta população. Isso ocorre porque a estimativa da população variante não se baseia apenas naquela durante o verão como também da população variante em baixa estação. Isso se refere não apenas a população que realiza turismo no verão na ilha, mas a população de estudantes e de trabalhadores que também varia durante o ano, tomando em conta aqueles que passam apenas algumas horas na ilha para essa função. (GUARDA, 2012)

No “Plano municipal de saneamento básico: versão final.” é feito referência  a um artigo publicado por António Guarda “Gestão Urbana: Projeção da População Flutuante.” cujo objetivo avaliar as dificuldade e determinar soluções através de metodologia para medição da população variante para o “Projeto Básico do Sistema de Disposição Oceânica”. Nele é encontrado a descrição desses método usado para a determinação da população variante assim como gráficos que expressam os dados da variação populacional em relação em relação com outros dados utilizados para sua avaliação.

Para realizar essa medição ele faz um uso de diversos cálculos usando, dados não apenas do consumo de água, como também da produção de resíduo solo, do número de residências ocupadas e desocupadas ao longo do ano (que compreendem uma variedade de categorias há domicílios particulares, coletivos, empreendimentos, ensino, saúde assim como  Unidades Habitacionais em Estabelecimentos Hoteleiros, Leitos em Estabelecimentos Hoteleiros etc…). Sendo eles:

Cálculo da População Flutuante através do resíduo sólido dentro do período de um ano: População flutuante (nº habitantes) = (Total Produção Resíduo Solido no mês de interesse / (Media produção de resíduo solido diário normal de uma pessoa x dias do mês)) – População residente (nº habitantes) População residente (nº habitantes) = Total Produção Resíduo Solido no mês de menor produção / (Media produção de resíduo solido diário normal de uma pessoa x dias do mês) (GUARDA, 2012, p. 6)

Cálculo da População Flutuante através do fornecimento de água dentro do período de um ano: Não foi possível a utilização deste modelo em função de que as informações da CASAN são montadas em cima de estimativas. População flutuante (nº habitantes) = (Total Produção de água no mês de interesse / (Media Consumo de água diário normal de uma pessoa x dias do mês)) – População residente (nº habitantes) População residente (nº habitantes) = Total Produção de água no mês de menor produção / (Media Consumo de água diário normal de uma pessoa x dias do mês) (GUARDA, 2012, p. 6)

Cálculo da População Residente Flutuante: Este modelo não satisfaz, pois não capta todas os tipos de população flutuante. População Residente Flutuante = Número de Domicílios Particulares de Uso Ocasional x (População Total / Domicílios Particulares Ocupados) (GUARDA, 2012, p. 6)

Cálculo da População Total Máxima Presumida: Em alguns casos deve ser calculada a População Total Máxima presumida do território, podendo-se fazer através da ocupação total dos domicílios. Este modelo pode ser usado como um dos recursos no calculo da população flutuante. População Total Máxima presumida = (Domicílios Particulares ocupados + Domicílios Particulares Vagos + Domicílios Particulares Uso Ocasional + Domicílios Coletivos) x (População Total / Domicílios Particulares Ocupados) (GUARDA, 2012, p. 6)

Tabela dos dados referente aos anos base para as referidas projeções referente aos distritos do município. (GUARDA, A. Gestão Urbana: Projeção da População Flutuante. 2012. p. 11)

Assim se percebe a complexidade envolvida na pesquisa e escolha de dados assim como a metodologia para criação de planos de gestão do sistema concessionado e administração e investimentos de infraestrutura devido às particularidades da variação da população no município.

No que se percebe na gestão, apontado no “Plano municipal de saneamento básico: versão final”, pode-se perceber dois planos de gestão para lidar com as diferentes demandas da alta temporada no verão e o resto do ano. Com o verão existe uma reconfiguração dos sistemas de água, gerando associação de suporte entre os sistemas da própria CASAN, uma mudança na integração dos sistemas SIF, SCSL E SCN, também diversas estruturas são postas em ação apenas durante esses três meses. É descrito no Plano Municipal de Saneamento Básico do Município de 2021 a existência de reservatórios,  diversas estruturas acionadas como estratégia da gestão. Na nossa visita a ETA da Lagoa do Peri, vimos  como a demanda que ocorre em alta temporada pode alterar a relação entre a ETA da Lagoa do Peri e o reservatório do Morro das Pedras. Percebemos  a complexidade das redes que envolvem esses vários sistemas, com as mudanças geradas pela variação da população e das  condições ambientais de cada ponto utilizado para captação de recursos  hídricos. 

Nessa dinâmica o SIF aparece com papel importante, pois além de sua conexão a outros sistemas fora da alta temporada, também aparecem “{…}como alternativa de reforço de vazão nos meses de alta temporada, ao SCN e SCLS.” (p. 55). 

Listagem de algumas das Mudanças que são ocasionadas no Verão:

“É importante destacar a utilização de pequenos mananciais que constituem sistemas de pequeno porte e foram implantados anteriormente ao SIF. Atualmente, esses sistemas contribuem com uma vazão total de 18,27 l/s e estão conectados ao SIF, como forma de reforço. Os sistemas estão localizados na porção oeste da ilha, sendo: (i) Quilombo (utilizado apenas em situações emergenciais de estiagem); (ii) Córrego da Assopra; (iii) Monte Verde (utilizado apenas em situações emergenciais de estiagem) e; (iv) Poço Cacupé.” ( p. 58)

“A ETA Campeche, que em 2019 possuía seis poços de captação e operava conforme demanda, com vazões médias de 30 a 50 L/s em baixa temporada, foi ampliada com mais três de captação e operação contínua, com vazão média de 100 L/s. Outros poços complementares que comumente operam somente em operação verão (Eros, Isidoro Garcez e Village) passaram a operar também de maneira contínua, contribuindo com uma vazão média de 25 a 30 L/s.” p. 85

Em alta temporada são acionados sistemas complementares de abastecimento nas localidades de Santinho, Daniela, Vargem Grande, Praia Brava e Cachoeira do Bom Jesus, que contribuem para o abastecimento no SCN – Ingleses.” p. 86

“Sistema Aquífero Ingleses: “Estudo de modelagem realizado em 2016 indicou que avazão de exploração média máxima deverá ser de 560 L/s podendo ser intercalado por períodos de maior e menor necessidade de exploração (ex.: 700 L/s nos meses de verão e 420 L/s nos demais meses).” p. 87.

Praia Brava: É utilizado somente no período de alta temporada, quando a demanda por água cresce significativamente. Este sistema conta atualmente com 7 ponteiras localizadas nas proximidades da ETA Praia Brava, com capacidade de 2 L/s, cada. No entanto, o sistema Praia Brava hoje está com somente 5 mini poços que operam apenas no verão, os demais encontram-se salinizados.” (p. 91)

Aquífero Vargem Grande “O aquífero é explorado somente nos meses de verão, através da captação de 4 (quatro) poços de até 24 m de profundidade, perfazendo uma vazão total de exploração de 4,50 L/s. As ponteiras do bairro Vargem Grande se encontram em terreno na Rua João Pacheco da Costa.” (p. 92)

Referências Bibliográficas :

FLORIANÓPOLIS. PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS. Plano municipal de saneamento básico: versão final. Florianópolis. 2021. Disponível em: https://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/13_07_2021_9.16.35.2243db58c4c5f89fc2b76c48e240c658.pdf. Acesso em: 05 julho 2022.

CAMPANÁRIO, P. Florianópolis: Dinâmica Demográfica e Projeção da População por Sexo, Grupos Etários, Distritos e Bairros (1950-2050). Florianópolis: 2007. Disponível em: < http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/06_05_2016_10.57.51.165f6d5987d5575003562ec5bbdd5850.pdf> Acesso em: 09 de julho de 2022.

GUARDA, A. Gestão Urbana: Projeção da População Flutuante. COBRAC 2012 – Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário. Florianópolis: 2012 Acesso em: < https://www.researchgate.net/publication/275584397_Gestao_Urbana_Projecao_da_Populacao_Flutuante >. Acesso em: 09 julho de 2022.